quarta-feira, 11 de abril de 2012


Mas toda noite me pergunto se as almas realmente tem o seu par. Quem sabe o meu ainda não nasceu, ou se perdeu pelo caminho. Creio eu, que não há angústia pior do que o vazio da alma, o abismo que tenho que enfrentar, essa dor-que-não-dói, é tudo tão diferente, tão enigmático. Já cometi tantos erros para alguém da minha idade, eu nunca sei qual é a direção certa, qual é a mão que devo segurar e qual é a mão que devo açoitar. Eu nunca sei… Os dias passam com uma lentidão perturbadora, as noites são adagas me fazem sangra até o amanhecer. Sangro todas as noites, mas sangrar não dói, sangrar só me causa uma angústia, uma pressão de algo que não consigo enxergar. Frustada. Essa é a palavra certa para me descrever. Cheguei em um ponto de não me importar com o que acontece com os outros e o que não acontece comigo. O passado não me faz mais choramingar, não me traz nada. E o presente me faz sentir o sentimento mais repulsivo que existe, pena de mim mesma. Mutilo, destruo a chances - poucas - que tenho de mudar alguma coisa… Mas o vazio, mas a falta dos sentimentos me fazem querer ficar aonde estou. É uma confusão, uma loucura. Estou enlouquecendo, estou, estou… Eu não sei, o que acontece dentro de mim. Estou desleixada, feia. Não me cuido mais e não me importo dos olhares de repulsa das pessoas. É como se eu só observasse esse mundo, como se eu não pudesse, como se eu não tivesse o direito de sentir nada. É como se eu fosse a platéia do mundo, e isto é cruel. Cruel para quem já esteve se apresentando, terrível para quem fazia um solo nesse espetáculo adorável. Eu virei a platéia! Grito e sussurro e ordeno e imploro para devolverem meus sentimentos desvairados, devolvam-me algo. E tudo se torna absurdamente assustador ao saber que não tenho ninguém além dos meus amigos da imaginação, não tenho ninguém. E logo eu que adorava ser dona, ter posse de tudo. Me vejo sem nada, nadinha… Um grito, dois gritos, e um choro alto de raiva, cólera de ser cega e não saber o que acontece, o que posso fazer para sair desse nevoeiro, deste furacão. É horrível e cruel e assustador e humilhante viver assim, preciso dar um fim a isso tudo, acabar com esta confusão… Preciso, mas não vejo como. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário